Ao assistir a entrevista do Nelsão, totalmente editada pelo Fantástico, foi muito morna, eu esperava o Nelsão soltando a boca, mas vi um homem triste, envelhecido e desanimado. Apesar de revelar (Na entrevista na íntegra, que pode ser acessado no Globo.com), que tem equipes atrás do Nelsinho, incluindo a Campos, acho dificiu alguma equipe ou patrocinador se alinhar a Nelsinho já em 2010.
Essa entrevista do Nelsão é bem dúbia, dizendo que não contou a FIA para não estragar a carreira do filho e que seu contrato estava em curso. Ela confirmou o que eu já desconfiava, só denunciou porque Nelsinho foi demitido por Briatore em Julho. Então onde fica o Nelsão esportista que ele quiz transparecer nessa entrevista, achei estranho, ele fez o que 99 % dos pais fariam, só denunciariam depois que tudo estivesse perdido.
A entrevista na íntegra é bem mais interessante, a exibida no Fantástico ficou esparsa, perdida e confusa, sem sentido, não explicou nada, não que a na íntegra tenha explicado, mas ficou mais compreensível apenas.
Não tenho filhos, mas devo imaginar o que Nelsão sentiu, dedicou anos de sua vida a carreira do filho, que teve sim carreira vitoriosa na base, mas sempre sob a sombra do pai, sempre em equipes do pai, como primeiro e as vezes único piloto.
Diferentemente de todos os filhos de ex-pilotos Nelsinho foi o que mais foi colocado sobre as asas do pai, deixe-me explicar os exemplos.
Damon Hill chegou a F1 com mais de 30 anos, depois te der comido o pão que o diabo amassou quando o pai morreu e deixou dívidas gigantescas a família, Damon chegou ao esporte a motor já em idade avançada e foi conseguindo com muita briga o seu espaço, usou seu nome apenas para conseguir patrocinio para se manter já que o velho Graham já não estava mais ali. Mesmo depois de estar na Williams foi execrado pela imprensa inglesa, que nem depois de seu titulo em 1996 o deixou em paz.
Jacques Villeneuve tem a soberda estampada no rosto, mas, chegou a F1 por méritos e sozinho, durante a adolescência não viveu sob a batuta do pai, até porque esse já tinha morrido, conseguiu aos poucos o lugar no esporte, passou mau pela F3 Italiana, conseguiu alguma coisa na F3 Japonese e só veio a aparecer de verdade na CART nos EUA.
Dos outros, como Nakajima e Rosberg, tiveram sim ajuda, Rosberg correu em equipes do pai e foi empresariado por Keke, mas chegou a F1 depois de mostrar talento, e ganhar a GP2 em uma equipe que não era do pai.
Já Nakajima começou sim na batuta do pai, mas foi a Toyota que o levou a F1, não só porque tinha o nome Nakajima, que por sinal, era totalmente ligado a concorrente Honda desde os anos 80.
Ralf Schumacher chegou a F1 claro por ser irmão mais novo de Michael e por Willi Webber de empresário, mas também não teve interferência do irmão para isso.
Bruno Senna vem demonstrando que diferente de Nelsinho, usa o sobrenome apenas para abrir portas e não para demonstrar soberda, Bruno vem galgando aos poucos seu espaço, dificilmente será um campeão, mas chegar a F1 já é um sonho.
Um jovem mimado que sempre correr sob as asas do papai, é dificiu conviver com a derrota, chegar numa equipe onde seu companheiro é o manda-chuva e bi-campeão mundial não é facil, e ainda comandado por quem era, que já tinha mostrado a torto e a direito quem era, só lembrarmos o que Briatore fez com Trulli e Kovalainen.
A vida de Nelsinho na F1 não é fácil, e não estou aqui para criticá-lo ou julgá-lo, nem sou "Viúva de Senna" para criticar Piquet Pai ou Piquet Filho, e acho que todos merecem uma segunda chance, será dificiu, a F1 é um clube fechado e que dificilmente admite-se erro, errou, Ciao e não volta mais, mas com dinheiro e nome quem sabe Piquet não se ajeite por ai, e mostre que talento só não basta, tem que ter humildade para aprender, como o pai teve e muito, vale lembrar que Nelsão foi companheiro de Niki Lauda, bi-campeão do mundo, numa equipe que era comandada por outra pessoa venenosa, Bernie Ecclestone, e Piquet soube aprender até conseguir espaço e conquistar títulos.
Cabe a ele se rebaixar e buscar seu retorno, quem sabe um ano na GP2 ou sabático, para tentar quem sabe voltar em 2011, será um longo e tortuoso inverno para Nelsinho.
